Discurso de Posse de Paulo César Guerra de Carvalho na AILA
- ailacultatende
- 1 de abr. de 2024
- 4 min de leitura

Boa noite a todos aqui presente, aos acadêmicos, as autoridades e em especial aos fazedores de cultura e ao povo iracemense.
Primeiramente quero agradecer a Academia Iracemense de Letras e Artes, pela oportunidade de fazer parte dessa importante instituição, onde reúne nomes de diferentes segmentos do nosso município em que contribui de alguma forma para História, educação e cultura de Iracema-Ceará. Grato por meu nome ter sido aprovado, passando a fazer parte desses guardiões.
Sou o jovem Professor Paulo César Guerra de Carvalho, historiador, presidente da Associação Cultural Filhos da Terra – Ponto de Cultura de Iracema-CE, um agente cultural que já desenvolveu diversas ações e defensor de uma cultura social. Atualmente exerço o cargo de presidente do Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA de Iracema-CE.
Por ser um estudante dedicado as diversas manifestações da humanidade, sempre gostei de captar as belezas das simbologias, e que noite simbólica para todos nós, pois além de tomar posse como acadêmico, também estamos inaugurando a tão sonhada sede, nossa casa, que estará aberta aos iracemenses para que possam saborear a história e cultura do nosso município. Após anos, AILA está empossando um acadêmico em seu solo, o dia de hoje entra para história da instituição. Tudo isso acontece na semana em que recebo o meu diploma de historiador e vésperas de Iracema-CE comemorar seus 69 anos de emancipação política. Que orgulho. Que simbologia profunda!
Desde a minha adolescência fiz parte de diversos movimentos que ajudaram na minha compreensão de mundo e contribuíram para a formação da pessoa que sou, um cidadão ativo, prático e envolvido em diversas pautas da nossa sociedade. Se hoje estou aqui, foram minhas ações e palavras firmes que me guiaram, os senhores e senhoras julgaram que eu sou de alta relevância e que tenho muito a contribuir. Uma vez, um professor me disse: “quem sabe faz, quem não sabe ensina. ” Isso foi profundo e só com um tempo percebi que ele tinha razão, pois o mundo está cheio de textos bonitos, é preciso termos ação, devemos unir a teoria e a prática, assim formar a práxis. É preciso ter esperança, mas não esperar demais, muitas palavras e nada feito, se torna gozo intelectual. Marc Bloch, grande professor de História, defendia que se o historiador não for prático ele não merece o título de historiador, a ciência História anda lado ao lado com a cultura, são pilares fundamentais para a formação de um povo. Por isso, é necessário usar essas armas para dar consciência a nossa gente e potencializar o povo iracemense.
Nas minhas andanças e atividades, eu me pergunto: “para que serve a cultura?” Hoje tenho a pleno certeza de que ela deve ser radical, não da forma desordenada e brutal, mas transformadora na vida dos sujeitos, lhe dando consciência sobre a compreensão do seu tempo e a criticidade da cidadania. É firmar a bandeira e lutar pelas nossas tradições e potencializar a pluralidade da nossa gente, é quebrar preconceitos e edificar virtudes. Pois um povo que não conhece a sua História, não experimenta, não admira, não ama, não respeita, não zela e não luta pelo progresso da sua terra.
Há tempos, uma pessoa me disse que biblioteca e cultura não trazem retorno financeiro, a partir dessas palavras e revolta, me engajei na luta pela cultura social e provar que não traz um retorno de vil metal, mas forma sujeitos com responsabilidades sociais e compreensão da dignidade humana, o retorno é o humano. A prova disso, que nas diversas atividades pela cultura social, consegui ver jovens voltar aos estudos, adolescentes serem acolhidos, pessoas terem voz para se expressar e sujeitos se comunicarem de diferentes formas com o mundo. Isso não é romantização e utopia, é cultura viva e resultados. Não fiquemos bitolados em uma cultura de eventos, mas numa que potencialize e der perspectiva as pessoas.
Assim como a biblioteca de Alexandria no Egito era o centro do conhecimento da antiguidade, a sede da nossa Academia deve ser ponto de encontro do conhecimento e o farol da razão no nosso munícipio. Estrategicamente está posicionado no coração da nossa cidade, dando visibilidade e de fácil acesso, por isso, devemos fazer da nossa sede a casa do povo, uma instituição sem barreiras burocráticas, que tanto um doutor ou uma criança possam entender os nossos objetivos. A minha posse é mais uma forma que AILA reforça suas colunas, abrindo as portas para juventude e possibilitando novas ideias. Estou pronto para contribuir mais ainda com a nossa gente, estou a disposição para ajudar a instituição com a minha experiência e conhecimentos.
De coração, agradeço a Associação Cultural Filhos Terra – Ponto de Cultura, por desde 2009 fazer parte diretamente da minha vida, a maior instituição de cultura social do nosso município, onde já passou centenas de pessoas, eu tenho orgulho de ter sido cria, hoje sou um dos criadores. A minha história se entrelaça com o Ponto de Cultura. Agradeço aos meus amigos Joab Araújo, Vinicius Campelo, Renato Nogueira, Cicero Benigno, Aucivan Bezerra e minha esposa Emanoela Lopes, por sempre estarem dispostos a realizar ações pela cultura social e progressista no nosso município, se hoje estou aqui, devo as pessoas fundamentais. Elas fazem parte da história da nossa amada terra.
Trabalhar com cultura é árduo, é uma responsabilidade social, existem dificuldades, tem elogios e olhares para derrubar, pois quando tem resultados isso incomoda muita gente. Dedico essa conquista a todos os meus alunos, a todas as pessoas que me ajudam e ao povo iracemense. Para encerrar minhas singelas palavras, eu dedico versos da música Incêndio de Belchior: “Entendo o fogo porque sou daqui, e estas paredes porque sou daqui, e os meus amigos porque sou daqui e os meus perigos porque sou daqui. Os bombeiros todos ganham os trinta dinheiros pra aquecer o fogo, mas eu vejo a chama e tremo, porque sou daqui. Entendo o fogo porque sou daqui.”
Academia Iracemense de Letras e Artes vamos à luta. Um Forte abraço! Viva o povo Iracemense! Viva os Cearenses!
24 de março de 2024
Iracema - Ceará.
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