Cadeira nº 27 - Maria do Socorro Almeida de Negreiros
- ailacultatende
- 22 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de mar. de 2022

BIOGRAFIAS EM CONSTRUÇÃO.

PATRONO: FRANCISCO GABRIEL DE OLIVEIRA (19/03/1885 - 16/01/1983)
O Patrono Francisco Gabriel de Oliveira, nasceu em 19 de março de 1885, no atual município de Malhada Vermelha. Vinda de tempos remotos, de um lugar denominado Porção, na Ribeira do Upanema, freguesia do Patu, Malhada Vermelha foi um pequeno povoado do município de Apodi, centro-oeste do Estado do Rio Grande do Norte, bem próximo à divisa com o do Ceará. Gabriel de Oliveira era filho único, por parte de pai, de Joaquim José Rodrigues Bezerra; sua mãe, Francisca Gomes de Oliveira, era viúva e tinha outros filhos do primeiro casamento.
Francisco Gabriel de Oliveira era remanescente das famílias Gomes, Pinto, Gurgel, por parte de mãe, já a família do pai proviria dos Rodrigues/Bezerra, cujos troncos têm raízes na Ribeira do Apodi. O seu pai não era conhecido pelo nome de família, mas sim pelo apelido de “Caé”, ou seja: Joaquim José Caé, ao invés de Joaquim José Rodrigues Bezerra. O apelido ‘Caé” decorreu de uma das muitas odisséias nordestinas provindas de um mister de tragédia, bravatismo e coragem. Seu bisavô, Joaquim Rodrigues e seus filhos envolveram-se em um conflito, fato ocorrido no primeiro quartel do século XIX, em um lugar denominado Porção, na Ribeira de Upanema, no centro oeste do Rio Grande do Norte. O seu avô, também chamado Joaquim Rodrigues, fugiu para o Riacho do Sangue, região a oeste da cidade de Jaguaribe-Mirim, no Ceará, com o nome mudado para Joaquim Caé. Quinze anos já tinham se passado, Joaquim Caé, nessa época, estava com 38 anos, ainda solteiro, e precisava casar-se, por isso voltou ao Rio Grande do Norte, ficando, desta feita, em Malhada Vermelha onde tinha parentes remanescentes dos tempos coloniais. Foi neste lugar que nascera o seu pai, no dia 09 de janeiro de 1860.
Ainda muito jovem, no início dos anos 1900, primeiro decênio do século XX, Joaquim Caé veio para o Ceará. No segundo decênio do Século XX, contraiu o seu primeiro casamento, fato acontecido no dia 05 de setembro de 1907, com Maria Filomena de Almeida, na festa de Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro, na Vila de Bom Jardim (atual município de Potiretama), sendo o matrimônio celebrado pelo vigário da Freguesia de Santos Cosme e Damião, Paróquia de Pereiro. Assim, fixa residência em Atrás da Serra, propriedade do Sr. João Francisco, pai da noiva. Atrás da Serra dos Filomena, codinome atribuído a matriarca Filomena, mãe de sua esposa, dista a 4 léguas do Caixa-só, como assim era chamado o município de Iracema, no Riacho do Figueiredo, freguesia de Santos Cosme e Damião, Município de Pereiro, pertencente ao núcleo familiar das famílias Almeida, Fernandes e Pimenta. São seus primeiros filhos Francisco e Maria: Raimundo Caé de Oliveira, seu filho mais velho, nasceu em 02/06/1909; Sebastiana Maria de Oliveira (11/09/1911); Francisco Oliveira Filho (08/12/1918); Maria Oliveira de Almeida- Neném Caé 03/09/1920); Antônio Almeida de Oliveira (Antônio Caé: 21/09/1922); Expedito Almeida Pinto (09/02/1928); Maria do Socorro Oliveira Almeida (Santinha:1930).
Impulsionado pelas condições climáticas, o casal deixa os bens para trás para percorrer outros caminhos. Em 1922, Francisco Caé, pai de 4 filhos pequenos, Raimundo, Sebastiana, Francisco Oliveira e Neném, se transfere para a Fazenda Muxinató, situada no município de Senador Pompeu (antigo Humaitá). Ainda neste ano, compra uma propriedade rural no Sítio Feijão, extremando com terras da fazenda Muxinató para onde se transfere logo em seguida. Em setembro do mesmo ano, nasce o seu quinto filho, Antônio. Em junho de 1926, retorna a Atrás da Serra.
O ciclo de estiagem dos anos 30 impulsionou a execução de projetos de açudagem. A barragem do AÇUDE EMA foi a primeira a ser executada. Os trabalhos tiveram início em março ou abril de 1931, segundo ano de seca. Logo que a notícia chegou a Trás da Serra, houve muita alegria das gentes de toda a redondeza, atraindo, entre muitas outras pessoas, o Sr. Francisco Caé. Num início de noite do mês de agosto de 1931, na localidade da construção da barragem, faleceu sua esposa, Maria Filomena, deixando 7 filhos.
Em 1933, aos 48 anos, Francisco Caé parte para um segundo matrimônio, dessa vez com Nazareth Magalhães, uma jovem de 28 anos de idade, natural do Rio Purus (Bispado do Amazonas), passando a residir no Sítio Passagem, cortado pelo Rio Figueiredo a 3 km de Iracema. Dessa união, nascem três filhos: Raimundo Magalhães de Oliveira (15/06/1936), Maria Necy Magalhães Leite (15/06/1940), Maria Necinha Magalhães Chaves (20/12/1944).
Eis a síntese de uma trajetória. A família passa por sucessivas alterações climáticas. As doenças atingem a todos sem distinção de condição social. Sim, a família passou por períodos de peste e seca; cólera (1863); varíola e seca (1877); sarampo degenerado para o tifo (1932), doença a ceifar a vida de Dr. Maria, ainda que sem um diagnóstico preciso; tempos lampiônicos, com Virgulino Ferreira, o Lampião iniciara sua carreira no cangaço e andava a espalhar terror e morte em todo o Nordeste; no ciclo da borracha, o cearense fora uma presença muito forte no Amazonas, em especial durante o apogeu da borracha, principalmente por causa da mão de obra.
A fé era condutora de suas ações, assim como a confiança, a esperança e a coragem. Devoto de Nossa do Perpetuo do Socorro, cujo legado estende aos seus descendentes, Deus lhe concedeu o dom da Cura, pois em suas orações clamava pelo restabelecimento da saúde dos necessitados. Atualmente, existem testemunhas que foram curadas através de suas orações. Ex. Oliveira, seu filho, fora picado por uma cobra cascavel, no Sítio Aimoré, ele dispensou o antídoto para picada de cascavel, preferindo a cura de seu pai em detrimento dos benefícios da ciência. “O veneno da cobra é como se fosse uma ‘glândula salivar’ cuja secreção é especializada em paralisar, lubrificar e iniciar a digestão da vítima”. Poderíamos atribuir que a sua saliva neutralizava o veneno da cascavel!
A honestidade, generosidade, sabedoria e posição firme lhe concederam ao nosso patrono a função de Delegado de Iracema, quando o povoado ainda pertencia ao município de Pereiro, enfrentando dificuldades e situações difíceis sanadas com suas habilidades de conciliador justo e sereno que conseguiu fazer um trabalho de qualidade, contribuindo com a paz e a ordem no município. Faleceu no dia 16 de janeiro de 1983 aos 98 anos, na Cidade de Iracema, na sua casa da Rua Francisco das Chagas Magalhães, S|N, Bairro Centro, onde mora sua filha Necinha Magalhães. Destarte, é com muito orgulho que homenageio, como tutor da cadeira nº 23, Francisco Gabriel de Oliveira, meu avô, pela sua história de vida pautada de honestidade, dignidade, simplicidade e amor ao próximo.
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