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Cadeira nº 21 - Francisco Caio César Urbano Muniz

  • ailacultatende
  • 22 de mar. de 2022
  • 6 min de leitura

Atualizado: 23 de abr. de 2024

Francisco CAIO CÉSAR Urbano MUNIZ é natural de Iracema/CE, escreve desde os 09 anos de idade e reside em Mossoró/RN desde 1992, onde ocupou a edição de cultura do jornal O Mossoroense e foi assistente e editor da Coleção Mossoroense.

É sócio-fundador e foi presidente por duas vezes da POEMA – Poetas e Prosadores de Mossoró e da Academia Iracemense de Letras e Artes (AILA), da qual é o atual presidente pelo segundo mandato, é sócio-correspondente da Academia Apodiense de Letras.

É autor dos livros “E Na Solidão Escrevi” (poesia, 1996); “Notívago” (poesia, 1998); “Sobre o Tempo e as Coisas” (poesia, 2003); “Crônicas a Temporais” (crônicas, 2015); “Batendo à Porta do Céu – a Chegada de Belchior ao Paraíso” (poesia, 2019).

É bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e é mestrando em Cognição, Tecnologias e Instituições na Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA).

Além da editoria de cultura d’O Mossoroense, foi editor do portal O Mossoroense online e do portal da Rádio Difusora de Mossoró; foi assessor de comunicação do ex-vereador Gilberto Diógenes (PT), assessor de comunicação do Sindicato dos Servidores

Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum) e subcoordenador do Núcleo de Comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte para Mossoró e região.


PATRONO: Jerônimo Vingt-un Rosado Maia.

Parabéns, Vingt-un Rosado!

Homenagem ao centenário de Jerônimo Vingt-un Rosado Maia


No ano dois mil e vinte

Mossoró vai celebrar

O centenário de um filho,

A sua história exaltar

Com carinho e com cuidado.

Foi ele: Vingt-un Rosado,

Um nobre deste lugar.


Vinte e cinco de setembro

Marcará o grande dia,

Mas, certamente este ano

Será só de alegria,

Exaltando a competência

E toda a inteligência

Que o mestre Vingt-un trazia.


Foi o último numerado

De Jerônimo Rosado[1],

Que juntamente com Isaura

Conduziram o legado

De uma prole numerosa,

Que deixou de forma honrosa,

Um marco no seu passado.


Começou os seus estudos

No velho Diocesano

Foi mandado pro Recife[2],

Mas não era este o plano

Que o destino reservara

Para Vingt-un, a joia rara,

De espírito cartesiano.


Foi lá nas Minas Gerais[3]

Sob ipês de várias cores,

Que Vingt-un também brotou,

Entre mestres e doutores,

De nobreza e de escol,

Colocando ele no rol

Dos grandes pesquisadores.


Ensinava aos colegas

Que tinham dificuldades,

O ensino da matemática,

E outras atividades,

Era querido e amado

O que tornava o Rosado

Um aluno respeitado.


Soldado padioleiro,

Não resistiu aos encantos,

De América, a mineira,

E em desvarios tantos,

Ao fugir de um plantão,

Foi levado pra prisão,

Pra ele, sem dor nem prantos[4].


E foi ali, no quartel,

Na cela trancafiado,

Que Vingt-un achou nos livros

Um muito do seu passado,

Dos fósseis que não sabia,

E a riqueza que havia

No seu Mossoró amado.


Foi como uma senda de luz

Que passou a lhe guiar.

Botou isto na cabeça,

Qual martelo a martelar:

“Apodi já teve um ‘óleo’[5],

Se há fóssil, há petróleo,

É preciso estudar”.


No retorno à Mossoró

Trouxe América ao seu lado,

Também trouxe outros sonhos

Que em Lavras tinha sonhado:

Escola de Agronomia,

Petróleo pra Economia

Conforme tinha estudado.


Convenceu a Petrobras

A fazer levantamento

Sobre a viabilidade

De um “óleo” em descobrimento

Nas piscinas de um hotel

E o resultado, qual fel,

Não teve aproveitamento.


Mas Vingt-un não desistiu

Do sonho que tinha em mente

E anos depois, o “óleo”,

Veio à tona, novamente,

Transformando a cidade,

Com grande prosperidade.

Estava certo o “vidente”[6].


À frente do IBS

Foi um líder sem igual,

Lutou como um guerreiro

Contra a importação do sal,

E zelando o trabalhador

Tornou-se um defensor

Do produto nacional.


Pra sua terra adorada

Foi pra onde olhou primeiro.

Criou escola pra os filhos

Do bravio salineiro,

E hospital de referência

Tratando com competência

Do doutor ao cozinheiro.[7]


Nas minas de gipsita

Lá de São Sebastião[8]

Embrenhou-se nas pedreiras

Da grande mineração,

Quando o gesso era franco,

Valia como ouro branco,

Vingt-un era o capitão.


Morava na mesma casa

Do humilde trabalhador,

Dona América ao seu lado

Demonstrava todo o amor,

Que seguiu por toda a vida

E era assim conhecida

Por “Galega do Doutor”.


Não quis a vida política.

Da família, um legado,

Mas botou no seu currículo:

“Candidato derrotado

A prefeito da cidade”

E dizia sem vaidade:

“Foi melhor não ter ganhado!”


“A mais belas das campanhas”,

O “Touro” contra “Capim”,

Contra Antonio Rodrigues

Que o povo escolheu por fim,

Por pequena diferença,

Mas limpa e sem desavença,

Sem briga e sem ter motim.[9]


Ainda foi vereador

Uma só legislatura,[10]

Depois disso não quis mais,

Foi pra os braços da cultura

A razão da sua vida,

E onde foi reconhecida

Toda sua investidura.


Pra ESAM foi como um pai,

O grande idealizador,

Viu nascer cada parede,

Como um mestre-construtor,

E como muita ansiedade,

Viu nascer a faculdade

Desde grande sonhador.


Foi um grande pensador,

Da AMOL também foi guia.

Do ICOP e no Estado

Também foi da Academia

De Letras e da Ciência,

Também sendo referência

Na História e na Geografia.


Escreveu o “Mossoró”,

A sua obra primeira,

Instigado por Cascudo,

Expandiu esta fronteira

Criando sua editora,

A maior propagadora

Da saga desta trincheira.


“Coleção Mossoroense”

Foi por ele batizada

A produtora de títulos

Para sempre eternizada

Por poetas e escritores,

Por grandes pesquisadores,

Por todo mundo exaltada.


Já são mais de cinco mil

Obras por ela editadas,

Sobre secas, outras tantas,

Uma a uma, resgatadas,

Um acervo sem igual,

Com recorde nacional

Destas obras publicadas.


Não caberia aqui

Quantos títulos recebeu

Pela sua trajetória,

Por tudo que escreveu,

Pelos feitos de bondade,

Mas também pela humildade,

Da forma como viveu.


Com América construiu

Uma família ordeira:

Cinco filhos respeitados,

Guiados a vida inteira

Para o bem e pro respeito,

Vivendo do mesmo jeito,

Qual Vingt-un e a mineira.


Dix-sept, Isaura e Leila

Maria Lúcia e “Telena”

São legados do casal

Que da forma mais serena

Perpetuam sua memória

Como parte desta história

De beleza pura e plena.


Vários netos e bisnetos

Complementam este legado

De pessoas valorosas

Que honram o seu passado,

Com orgulho e com carinho

Como flores no caminho

Do mestre Vingt-un Rosado.


Mas os grandes também partem,

Pois a vida é mesmo assim.

Ao nascermos já sabemos

Ter começo, meio e fim,

E o grande Vingt-un partiu,

Mossoró, triste assistiu,

Seu livro fechar, enfim.


Foi em “vinte e um de doze” (21/12)

Do ano dois mil e cinco

Que Vingt-un subiu aos céus,

E Jesus puxou o trinco

Da porta do firmamento,

O abraçou com sentimento,

Com fervor e com afinco.


Mas Vingt-un ainda vive

Cá, no nosso imaginário,

Este ano arrancamos

As folhas do calendário

Pra que Mossoró, altiva,

Ao seu filho grite: “Viva,

E um feliz aniversário!”


Que comecem os festejos

Em cada canto do Estado!

No “País de Mossoró”,

Por ele imortalizado.

Do sertão até o mar

Vamos todos celebrar:

Parabéns, Vingt-un Rosado!

__________ [1] Quase todos os filhos do casal foram batizados com numerais em francês, Vingt-un, o último, era o vinte e um. [2] Vingt-un cursou pré-engenharia em Recife, nos anos de 1937-38. [3] Vingt-un formou-se em Agronomia no ano de 1944, na Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL/MG). [4] Após a conclusão do curso de Agronomia, em 1944, na ESAL/MG, Vingt-un foi convocado a integrar o esforço de guerra da ditadura Vargas contra as forças do Eixo, mas não chegou a embarcar para a Itália. Serviu no Quartel sediado em Ouro Fino, São João Del Rey, Três Rios e Deodoro como soldado padioleiro de número 494. Por sair sem permissão para namorar América Fernandes, que se tornaria no futuro a sua esposa, sofrera então uma punição de 15 dias de detenção por “transgressão disciplinar”. [5] O Padre Florêncio Gomes de Oliveira, informava ao naturalista Louis Jacques Brunet, em 1854, sobre ocorrências de “substância betuminosa inflamável” na lagoa da vila do Apody. [6] Em 1979, ao perfurar um poço de água no Hotel Thermas de Mossoró, aconteceu a primeira aparição de óleo no solo mossoroense, em princípio a Petrobras achou que a quantidade era pouca e inviável, porém depois veio a constatação de grande lençol de petróleo na cidade e região. [7] Em 1961 Vingt-un foi nomeado presidente do Instituto Brasileiro do Sal (IBS). À frente da instituição trabalhou para valorizar o produto nacional, com isto, favorecia, diretamente o Rio Grande do Norte, maior produtor de sal terrestre no país. Em Mossoró criou o Hospital Francisco Menescal, que, por sua natureza, ficou conhecido como Hospital do Sal ou Hospital dos Salineiros, atualmente o prédio onde funcionou abriga o Centro Clínico Professor Vingt-un Rosado. Construiu ainda escolas, tanto no RN, quanto no Ceará, Sergipe e Rio de Janeiro. [8] Atual cidade de Governador Dix-sept Rosado. [9] Vingt-un foi candidato a prefeito de Mossoró no ano de 1968. Seu opositor foi o também seu amigo Antônio Rodrigues de Carvalho que, apoiado por Aluízio Alves, obteve a vantagem de 94 votos. Vingt-un tinha um projeto de governo que prometia realizar MIL obras em Mossoró, por isso dizia que fora melhor ter perdido a campanha, pois caso tivesse ganhado, não descansaria até concretizar as mil obras. [10] Em 1972 Vingt-un foi eleito vereador com a maior votação proporcional até aquela data, 3.807 votos.

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